“Somos todos família”. Essa afirmação é do Dr. Júlio Furtado. Ele tem um vasto currículo e muita experiência em diversos âmbitos da área educacional: é formado em Pedagogia, Pós-graduado em Orientação Educacional, Doutor em Ciências da Educação pela Universidade de Havana, diplomado em Psicopedagogia, Mestre em Educação pela UFRJ, etc.
No próximo mês a Vila Aprendiz trará o Dr. Julio para o Recife, para dois dias de formação exclusiva para a equipe da escola, além da realização de uma palestra que será aberta ao público com o tema: “Entender como se aprende para aprender como se ensina”. Conversaremos sobre os desafios da educação e da aprendizagem nos dias de hoje, que precisam ser encarados pela família e escola juntos, visto que fazemos parte de uma sociedade com características nunca encontradas antes, e com reflexos em sala de aula jamais vivenciados pelos professores e profissionais da educação.
Júlio afirma que “a sala de aula é um universo”, e não podemos dizer que se trata de um exagero. Com as diferentes formações familiares, a mudança de muitos valores, a rápida evolução tecnológica, a cobrança pelos filhos perfeitos, seria no mínimo ingenuidade imaginar que os alunos têm o mesmo comportamento e necessidades de aprendizagem que nós tínhamos há 15 ou 20 anos. Nós, escola e família, precisamos buscar ajuda em diferentes campos do conhecimento para darmos conta das mudanças no desenvolvimento físico, cognitivo e psicossocial. E mais, precisamos andar de mãos dadas, porém com a consciência do papel que cada um deve exercer. A família precisa entender que é o instrumento de estruturação e desenvolvimento da personalidade de cada um dos seus integrantes. É a responsável pelos valores, limites e atitudes, que vêm das suas crenças e da sua história, uma instituição de caráter particular e individual. Já a escola é responsável pela promoção do desenvolvimento do cidadão. Além dos aspectos pedagógicos e conteudistas, cabe a ela definir e promover as mudanças que julgar necessárias para formar uma sociedade mais humana e igualitária, através das mãos do cidadão que irá formar. Só que, diferentemente da família, a escola atua dentro de um contexto coletivo, a partir de atividades grupais.
Inteirada das suas responsabilidades, a família precisa levar para a escola crianças capazes de aprender. E quando falamos “capazes”, estamos nos referindo às atitudes, educação, limites e regras de convívio social, e não à capacidade cognitiva.
Hoje as crianças aprendem por uma espécie de sistema de redes, que facilita a interconexão dos conceitos recebidos. Acabou a era do cérebro que aprendia de forma “departamentalizada”. Ou seja, as informações precisam apresentar sentido para o aluno, que só vai aprender se encontrar um significado que torne o conteúdo interessante. Nas palavras de Júlio Furtado “(...)a aula deve se dividir em três partes: ajudar a construir sentido, apresentar novo conteúdo e construir o conhecimento juntos. Depois verificar se houve aprendizagem". Portanto, nosso maior desafio é buscar diferentes recursos pedagógicos, de modo que as crianças se sintam desafiadas, curiosas e parte fundamental da sua aprendizagem. Mudar o pensamento, capacitar, investir em estudos específicos, recorrer ao braço científico da Neurociência para desvendar o processo de aprendizagem. Só assim a sala de aula atenderá aos diversos perfis de alunos do Séc. XXI.
Fontes: livros, vídeos e textos do Dr. Júlio Furtado