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Qual a hora de falar sobre sexo com as crianças?

Atualizado: 20 de jul. de 2021



Este é um assunto delicado, e que surge “de repente”, sem que os pais tenham tempo de pensar para responder. Uma coisa é fundamental: não deixe seu filho sem resposta! É muito importante acompanhar os relatos diários das crianças, manter conversas sobre curiosidades, e se colocar à disposição para conversar, mesmo que o assunto seja “constrangedor” para os pais. Precisamos levar em consideração que a criança, em seus primeiros anos, atravessa a fase mais criadora de sua existência e espera ardentemente respostas claras para formular suas conclusões.


Os pequenos observam constantemente a natureza, a formação de seu próprio corpo e o comportamento dos adultos. Assim, começam a ter dúvidas sobre as fases da vida e seus acontecimentos, tudo isso de forma muito inocente e natural.


A sociedade atual oferece estímulos para gerar curiosidade sobre tudo, e é muito importante que os pais percebam e consigam extrair essas dúvidas antes que os filhos busquem as respostas para os assuntos sexuais em uma pesquisa no Google. A forma com a qual os pais irão lidar com assuntos e perguntas sobre sexo ajudará a garantir que seus filhos tenham uma vida sexual prazerosa e segura.


Não existe idade certa para pais e filhos tocarem nesse assunto, quando menos se espera perguntas do tipo "como eu fui parar na sua barriga, mamãe?", “Como a sementinha do homem vai parar dentro da mulher?”, começam a brotar da boca da criança. Um caminho importante é entender o porquê do interesse repentino da criança e até onde vai sua curiosidade. Portanto, antes de dar qualquer resposta, pergunte: Por que você está me perguntando isso? Mas nunca em tom de repreensão! Desta forma, você poderá ir direto ao ponto, sabendo exatamente qual o rumo que sua resposta deve tomar.


Por mais absurda que a pergunta possa parecer, tente responder com naturalidade, já que na infância a curiosidade sexual nem sempre vem acompanhada de malícia. E tenha certeza de uma coisa: se a criança tocou no assunto, é porque já tem algum conhecimento prévio sobre ele, então é melhor que ela tire suas dúvidas com você. Ao atingir os 2 ou 3 anos, a curiosidade sexual já vem à tona. Por isso, não é difícil encontrá-los se tocando e examinando a região genital, inclusive comparando-a com o dos amigos. Ao perceber que a criança quer saber mais sobre o próprio corpo, converse sobre o que ela pode ou não fazer em público, sem se esquecer de que nada pode ser tratado como um “problema”. A partir daí as curiosidades sobre beijo na boca, sobre o desenvolvimento do corpo, as diferenças entre homens e mulheres e etc., só irão aumentar.


Idealizador do Fala Sério, projeto de extensão universitária de educação afetivo-sexual, em Betim, Luiz Rena defende que os pais, ao receberem essas perguntas, pensem na idade da criança e avaliem a profundidade da pergunta. “Eles não querem uma resposta acadêmica. Nesse momento, pode ser algo mais leve. E quando o pai não souber a resposta, deve assumir. É melhor que dar uma resposta errada ou carregada de preconceito”.


Historicamente, o assunto “sexo” é enfrentado com ressalvas. Para alguns pais, e também alguns filhos, falar sobre sexo, saber como abordar o assunto, é uma tarefa muito difícil. Contudo, o impacto de uma dúvida não sanada ou respondida da forma errada normalmente aparece na fase da “vida sexual ativa”. Para a coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade da Universidade de São Paulo (USP), a psiquiatra Carmita Abdo, a iniciação sexual impacta positiva ou negativamente na história de vida de cada um em função de como se foi preparado para esse momento. “Educar para o sexo é um diferencial para toda a vida”. Pesquisas consecutivas declaram a dificuldade das mulheres em sentir prazer, de os homens procurarem ajuda nos problemas de ereção, de jovens iniciarem a vida sexual sem os devidos cuidados. Falar sobre sexo definitivamente não pode ser um problema entre pais e filhos.


Nesse momento, se bem escolhidos e manuseados, livros sobre sexo podem fazer a conversa fluir de forma natural. "Para funcionar, a leitura precisa partir de uma demanda da criança e os pais têm de ler antes de apresentar o conteúdo para ela. Assim, podem selecionar o que faz parte do interesse do filho", afirma Maria Helena Vilela, diretora-executiva do Instituto Kaplan - Centro de Estudos da Sexualidade Humana. Para os menores de sete anos, é importante que a obra tenha mais imagens do que texto. "A criança não consegue imaginar o conceito. Ela tem de visualizar", fala Maria Helena. Os maiores já estão mais ligados no comportamento das relações amorosas.


Como muitos pais se sentem perdidos ao ter de falar de sexo com o filho, o livro funciona como um intermediário para estabelecer esse contato. "É um recurso muito mais válido para os pais", diz Maria Helena. Normalmente, os livros com conteúdo de educação sexual vêm com a faixa etária a que se destinam explicitada. Mas, apesar da indicação, é importante os pais que os pais avaliem a maturidade da criança. "O adulto pode pinçar o que é interessante ser dito naquele momento. Pode-se ir lendo gradativamente". Mesmo com o livro como anteparo, os adultos precisam estar preparados para responder aos questionamentos da criança.


Abaixo alguns títulos recomendados:​

1. Mamãe, Como Eu Nasci?

Autor: Marcos Ribeiro Editora: Salamandra

Destinado a crianças entre sete e dez anos, a obra, em uma linguagem clara e didática, trata das principais diferenças físicas entre meninos e meninas, masturbação, relação sexual, prazer, fecundação, gravidez, desenvolvimento do bebê e parto.


2. De Onde Viemos?

Autor: Peter Mayle e Arthur Robins Editora: Zastras Best seller da educação sexual infantil, lançado na década de 1970, chegou a vender mais de dois milhões de exemplares. Indicado para crianças entre quatro e seis anos, a obra foi pioneira em explicar as diferenças entre os corpos de homens e mulheres e o desenvolvimento dos bebês sem usar ideias fantasiosas.


3. De Onde Venho?

Autores: Bernard This e Claude Morand Editora: Scipione O livro se propõe a explicar de onde vêm os bebês para crianças de três a cinco anos sem fantasia. Diz um trecho da obra: "Não se compra um bebê numa loja (como se compra um gatinho, um canário, um peixinho vermelho). Um bebê não brota de uma rosa no jardim. Um bebê também não vem voando no bico de uma cegonha (...)."


4. Sexo Não É Bicho-Papão


Autor: Marcos Ribeiro Editora: Zit Editora Voltado para crianças a partir de cinco anos, o livro apresenta as principais curiosidades que as crianças têm sobre seu corpo e sexualidade. A obra tem espaço para o pequeno leitor escrever suas opiniões e pintar. Vem ainda com um CD com músicas e um guia para ajudar pais e professores a utilizá-lo.


5. O Planeta Eu - Conversando sobre Sexo

Autora: Liliana Iacocca Editora: Ática Dois pré-adolescentes recorrem a seus pais, amigos e livros para entender o que é uma relação sexual, as diferenças entre os aparelhos reprodutores masculino e feminino, o processo da gestação, prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, entre outros assuntos. O interessante é que cada uma das fontes vai responder à sua maneira a inquietação dos jovens. Indicado a partir de oito anos.


6. De Onde Vêm os Bebês

Autora: Andrew C. Andry, Steven Schepp Editora: José Olympio Tecnicamente é uma obra-prima muito bem planejada, passando das ocorrências diárias, que a criança observa constantemente na Natureza, à formação de seu próprio corpo. A criança, em seus primeiros anos, atravessa a fase mais criadora de sua existência e espera ardentemente respostas claras e não evasivas. Sem desvirtuar ou despertar paixões precoces, fornece a criança uma ideia clara e sem falsos véus sobre a formação de seu próprio corpo, da reprodução, da vida. É encantador e muito didático.


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