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Guarde o tablet nas férias

Atualizado: 20 de jul. de 2021


Sabemos que as férias estão chegando e que nem sempre podemos disponibilizar tempo para fazer atividades com as crianças, contudo, precisamos fazer um alerta sobre a utilização dos eletrônicos, que, conformes outros textos, estudos, reuniões, palestras promovidas pela Vila Aprendiz, não deve extrapolar as duas horas diárias (englobando qualquer tipo de eletrônico). O tempo gasto pelas crianças em frente às telas, “enfeitiçados” com os jogos eletrônicos, com os filminhos “educativos” ou com os vídeos do YouTube já é uma preocupação real de muitos pais. O mundo digital tem inúmeros benefícios, mas se não for usado com controle e vigilância torna-se prejudicial, pois está roubando das crianças um tempo de desenvolvimento único e muito precioso, com perdas que podem não ser recuperadas com o passar dos anos.

É verdade que existem aplicativos com o cunho educacional, trazendo jogos interessantes de raciocínio, ensinamentos em inglês, mas, dependendo da idade e do tempo de exposição, a função educativa dá espaço ao desenvolvimento de diversos problemas. As crianças têm acesso cada vez mais cedo, comem assistindo vídeos, jogam novamente nos momentos de intervalo das tarefas de casa, dormem com tablets e telefones ao lado da cama. Já não encontramos mesas de restaurantes com a família conversando e sorrindo no almoço de domingo, já não existem momentos para bate papo sobre o dia e o mais triste e prejudicial é percebermos que algumas crianças só conseguem se alimentar com um Ipad acoplado ao cadeirão. Isso tudo pode render um vinho a mais para os pais, que não precisam ficar distraindo um bebê de dois anos durante um almoço com os amigos, parar para contar uma história à noite, ou ter que sentar no chão para jogar um jogo de tabuleiro, mas a consequência pode ser grave em alguns casos.

Isso porque os jogos eletrônicos provocam mais distúrbios de atenção, dificuldade de aprendizagem e de hiperatividade do que se imagina. Quem lê e brinca com brinquedos, jogos, etc., exercita o planejamento, o pensamento lógico, o foco, a capacidade de criar, de mudar de estratégia, de seguir regras, de se comunicar, de trabalhar em equipe. Estudiosos do desenvolvimento como Winnicott (1975) consideram a brincadeira como uma forma de desenvolvimento universal. Não é a toa que esta é a melhor forma de trabalhar com crianças nos processos psicoterápicos. Algumas vezes, por si só, a brincadeira é autocurativa, pois o brinquedo ajuda a criança a elaborar as dificuldades emocionais sem que perceba que isso está acontecendo.

Quem vê TV ou joga vídeo game mata aos poucos seu processo criativo, torna-se rígido no seu pensamento e transforma-se numa pessoa imediatista, acelerada, que não consegue perceber diferentes soluções para um problema. Isso porque as crianças que são submetidas à TV e jogos por muitas horas/dia deixam de emitir ondas cerebrais do tipo beta (que são responsáveis por medir a atividade do lóbulo frontal do cérebro) que por sua vez controla as emoções, dentre outras coisas, como o comportamento social, fundamental em todas as fases da vida. Dessa forma, com baixo nível de ondas beta, as pessoas se irritam com muito mais facilidade e apresentam problemas de concentração, foco, atenção, etc., ou seja, aumentam as chances de desenvolverem transtornos de atenção, de terem problemas de aprendizagem, de socialização, etc.

Portanto, pais, não permitam que seus filhos passem horas por dia em frente ao tablet, mesmo que seja com jogos educativos. Tenham certeza de nada, mais nada mesmo, substitui o desenvolvimento de uma brincadeira no mundo real. Levem papel, jogos de memória, quebra-cabeça para as mesas de restaurante, para as esperas médicas, não se permitam encontrar no uso dos eletrônicos um recurso para ajudá-los a administrar o excesso de energia dos menores, é um erro. O fato é que quanto menos os adultos conversarem e interagirem com as crianças, menor será o desenvolvimento da fala, do vocabulário, dos recursos de raciocínio lógico, das habilidades sociais, da criatividade e da empatia. Cuidemos dos nossos pequenos. Férias são para correr, pintar, criar objetos de sucata, fazer estátuas de argila, fantoches de meia, abrir máquinas velhas (como celulares e máquinas fotográficas), criar jogos de tabuleiros com regras próprias, colecionar gibis, trocar

livros velhos... Viram?! Tem muita brincadeira! Guardem (ou limitem) o tablet.

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